Cortisol e Exercício Físico: Como o Hormônio do Estresse Atua no Corpo Durante a Atividade Física
A relação entre o cortisol e o exercício físico tem despertado crescente interesse entre profissionais da saúde e praticantes de atividades físicas. O cortisol, conhecido como o "hormônio do estresse", exerce papel fundamental no metabolismo energético, na resposta imune e na regulação da pressão arterial. No contexto do exercício, sua atuação é complexa e multifacetada, podendo tanto favorecer adaptações positivas quanto representar um marcador de estresse excessivo, especialmente em situações de overtraining.
Érika Carvalho
6/3/20253 min read
O que é o cortisol e como ele é produzido?
O cortisol é um hormônio esteroide produzido pelo córtex da glândula adrenal, cuja síntese é estimulada pelo hormônio adrenocorticotófico (ACTH), secretado pela glândula pituitária em resposta ao hormônio liberador de corticotrofina (CRH) do hipotálamo. A produção de cortisol segue um ritmo circadiano, atingindo os níveis mais altos pela manhã e os mais baixos à noite. Durante o estresse, inclusive o provocado por exercícios intensos, ocorre ativação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA), resultando no aumento da liberação de cortisol.
Funções do cortisol no organismo
O cortisol exerce diversas funções vitais:
Atua como antagonista da insulina, aumentando a glicemia;
Estimula a gliconeogênese hepática (formação de glicose a partir de proteínas);
Estimula a lipólise e a proteólise (quebra de lipídeos e proteínas para gerar energia);
Tem efeito imunossupressor e anti-inflamatório;
Regula o equilíbrio hidroeletrolítico e a pressão arterial.
Contudo, a exposição prolongada a níveis elevados de cortisol está associada a efeitos deletérios como perda de massa muscular, osteoporose, supressão imunológica e aumento da gordura abdominal.
Como o exercício afeta os níveis de cortisol?
De acordo com o estudo de Bueno e Gouvê (2011), publicado na Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, a secreção de cortisol é intensificada durante o exercício físico, especialmente se for intenso e prolongado. Essa liberação tem papel importante na mobilização das reservas energéticas, preparando o corpo para o estresse físico imposto pela atividade.
"O cortisol age como um antagonista fisiológico da insulina, por promover a quebra das moléculas de carboidratos, lipídeos e proteínas, desta maneira mobilizando as reservas energéticas." (Bueno & Gouvê, 2011, p. 436)
Benefícios da resposta aguda ao exercício
Durante a prática de atividades físicas, a elevação temporária de cortisol promove:
Maior disponibilidade de energia;
Redução da sensibilidade à dor;
Reforço da resposta cardiovascular;
Estímulo à adaptação fisiológica ao estresse físico.
A curto prazo, essas ações são benéficas e contribuem para melhorar o desempenho atlético e a adaptação ao treino. No entanto, o excesso de cortisol decorrente de exercícios extenuantes e recuperação inadequada pode ser prejudicial.
Efeitos do excesso de cortisol (hipercortisolismo)
O hipercortisolismo relacionado ao exercício pode resultar em:
Atrofia muscular;
Redução da força e da potência muscular;
Supressão do sistema imunológico;
Aumento da gordura visceral;
Distúrbios do sono e alterações de humor.
A prática excessiva de atividades intensas sem o devido repouso pode levar ao overtraining, condição caracterizada por queda de desempenho, fadiga crônica e disfunção hormonal. Estudos relatam que atletas com "overtraining" apresentam alterações na secreção de cortisol, incluindo maior liberação em repouso e menor resposta ao estímulo do ACTH (Duclos et al., 2001).
Mecanismos de adaptação ao cortisol
Indivíduos fisicamente treinados desenvolvem adaptações hormonais que reduzem a sensibilidade dos tecidos aos efeitos catabólicos do cortisol. Isso ocorre por meio de:
Aumento da conversão de cortisol em cortisona (forma inativa);
Redução da expressão de receptores de cortisol;
Modulação da enzima 11β-HSD2, que regula a biodisponibilidade de cortisol nos tecidos periféricos (Seckl & Walker, 2001).
Esses mecanismos explicam por que atletas de endurance apresentam menor impacto negativo dos níveis elevados de cortisol quando comparados a indivíduos sedentários.
Considerações para o planejamento do treino
Para maximizar os benefícios do cortisol sem os efeitos colaterais, recomenda-se:
Monitorar o volume e a intensidade do treino;
Garantir períodos adequados de recuperação;
Priorizar o sono de qualidade;
Incluir alimentação equilibrada e rica em antioxidantes;
Avaliar regularmente indicadores hormonais e de desempenho.
Conclusão
O cortisol é um hormônio essencial para a resposta adaptativa ao exercício. Quando em equilíbrio, contribui para a melhora da performance, da composição corporal e da capacidade do organismo em lidar com o estresse. Entretanto, sua elevação crônica pode comprometer a saúde e o rendimento físico. A compreensão dos mecanismos hormonais e a individualização do treinamento são fundamentais para otimizar resultados e preservar o bem-estar.
Referências Bibliográficas
Cortisol e exercício: efeitos, secreção e metabolismo. Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício. Disponível em: https://dialnet.unirioja.es/descarga/articulo/4923651.pdf
CONSULTORIA ONLINE
Acompanhamento personalizado, 100% online, com treinos e orientações adaptadas à sua rotina, objetivos e necessidades. Eficiência, autonomia e resultados reais para mulheres que querem cuidar do corpo com equilíbrio e praticidade.
éRIKA CARVALHO
erikacarvalho.personal@hotmail.com
+55 73 99132 5575
© 2025. All rights reserved.
Personal Trainer
CREF 010487-G/BA